Bazaka, pra quem não sabe, é o nome artístico do cara que escreve às sextas-feiras neste espaço, o Alessandro. Acreditem, vê-lo pela primeira vez foi uma experiência singular. Um sujeito assustadoramente imponente. Parecia um cardeal negro, sacerdote de religiões ancestrais d´África, mais antigas que o próprio homem. Com o olhar furioso, ele apregoava seus libelos contra a intolerância. Falava de Black Panthers e quilombos, capoeiras e obás, iorubas e malês, lutas sangrentas pela igualdade, com os gestos incisivos de periferias esquecidas.
Os meses se passaram e esse olhar se abrandou. Notem bem, abrandar não é amolecer. O Bazaka sabia o que estava fazendo. Sua fúria não era a do revolucionário que se esmera em destruir o mundo injusto, mas que nada tem a colocar no lugar. E a marcha belicosa dos séculos de flancos chibatados aos poucos cedeu lugar aos ternos sambinhas de morro. Chorando de saudade ou lamentando distâncias, ele destilava proficuamente os versos carregados de lirismo e erotismo. E de amizade, sobretudo de amizade. Mesmo o colega mais humilde na sua cidadezinha mais modesta era alvo dessa lira venerável. Cantou a minha Pouso Alegre, a mãe amorosa protegendo a cria no vilarejo longínquo e poeirento, o trabalhador anônimo e incansável, o poetinha universitário chorando baixinho no fundo do boteco.
Abandonou a luta, então? Nem pensar. Pelo contrário, deu o roteiro para qualquer um que deseje, sinceramente, mudar o mundo. Não redigiu manifestos, não fundou movimentos, não ordenou a ninguém que venerasse esse ou aquele ídolo. Não derramou o próprio sangue para que futuras gerações o vingassem. Nem pediu para que fosse vertido o dos seus, nem tampouco o dos antagonistas. Primeiro apontou com o dedo em riste o grande mal da intolerância. Depois abriu os braços na direção das únicas alternativas: amor, amizade, música, poesia.
Os dois discursos, as duas faces do Bazaka só se dissendem na aparência. Segue as veias que irrigam a ambos de seus próprios símbolos ancestrais, e verás que foi num plano já superficial que elas se bifurcaram. Todo o resto do caminho, cumpriram-no unidas. E foi um longuíssimo caminho. Acredito que lá no coração da África, em algum ponto perdido na savana, quem fechar os olhos poderá ouvir um som que é ao mesmo tempo um grito, um lamento e um hino. É como se o gênio da humanidade, que nasceu ali e dali se recusou a sair, lamentasse os rumos que o mundo tomou. Há relatos disso, de viajantes e aventureiros. E há um eco desse hino no olhar do Bazaka, na sua voz e no seu canto.
Só por isso ele já merecia um poema épico em seu nome. Já se poderia escrever uma "Bazakíada" hoje. Mas ele está apenas começando.
Os meses se passaram e esse olhar se abrandou. Notem bem, abrandar não é amolecer. O Bazaka sabia o que estava fazendo. Sua fúria não era a do revolucionário que se esmera em destruir o mundo injusto, mas que nada tem a colocar no lugar. E a marcha belicosa dos séculos de flancos chibatados aos poucos cedeu lugar aos ternos sambinhas de morro. Chorando de saudade ou lamentando distâncias, ele destilava proficuamente os versos carregados de lirismo e erotismo. E de amizade, sobretudo de amizade. Mesmo o colega mais humilde na sua cidadezinha mais modesta era alvo dessa lira venerável. Cantou a minha Pouso Alegre, a mãe amorosa protegendo a cria no vilarejo longínquo e poeirento, o trabalhador anônimo e incansável, o poetinha universitário chorando baixinho no fundo do boteco.
Abandonou a luta, então? Nem pensar. Pelo contrário, deu o roteiro para qualquer um que deseje, sinceramente, mudar o mundo. Não redigiu manifestos, não fundou movimentos, não ordenou a ninguém que venerasse esse ou aquele ídolo. Não derramou o próprio sangue para que futuras gerações o vingassem. Nem pediu para que fosse vertido o dos seus, nem tampouco o dos antagonistas. Primeiro apontou com o dedo em riste o grande mal da intolerância. Depois abriu os braços na direção das únicas alternativas: amor, amizade, música, poesia.
Os dois discursos, as duas faces do Bazaka só se dissendem na aparência. Segue as veias que irrigam a ambos de seus próprios símbolos ancestrais, e verás que foi num plano já superficial que elas se bifurcaram. Todo o resto do caminho, cumpriram-no unidas. E foi um longuíssimo caminho. Acredito que lá no coração da África, em algum ponto perdido na savana, quem fechar os olhos poderá ouvir um som que é ao mesmo tempo um grito, um lamento e um hino. É como se o gênio da humanidade, que nasceu ali e dali se recusou a sair, lamentasse os rumos que o mundo tomou. Há relatos disso, de viajantes e aventureiros. E há um eco desse hino no olhar do Bazaka, na sua voz e no seu canto.
Só por isso ele já merecia um poema épico em seu nome. Já se poderia escrever uma "Bazakíada" hoje. Mas ele está apenas começando.
Gustavo Palma escreve às segundas-feiras na escritureira.
8 comentários:
Todos estamos apenas começando. Grande mestre Bazaka!
Quando o Alfredo me disse hoje, no pacheco's bar por sinal, haha, que o Escritureira tinha voltado fiquei super feliz. Adoro o blog! Saudações "Bazakianas" rs.
Beijos.
puts!
gosto do texto e do homenageado!
muito bom!
paz e bem a todos!
Gustavo sobre Basaka, Basaka sobre Gustavo. Um deleite ler e um deleite maior ainda ter os dois ao meu lado. Belo retorno da escritureira!
mestre palma.....Amei suas palavras...Vc bem sabe que eu mudei depois que o conheci,isso é fato..quando sou tocado a escrever poemas é porque na verdade o poema já está feito,ou seja,a pessoa a ser motivo de prosa é um poema pronto,só que ela não sabe..
Eu faço o papel de ladrão de almas,eu apenas transfiro para o papel o que a pessoa muitas vezes não vê....guardareis essas suas palavras....Elas serão eternas iguais aos griots enterrados vivos nas casacas dos baobás,serão para a vida toda...Abraço meu querido mestre que me ensinoou uma lição preciosa,a vida só tem sentido se nós podemos falar dela de maneira poetica...Vc me disse essa frase uma vez saindo do bar da lena.
Obrigado por tudo ,pelo carinho e pela amizade.....
Grande bazaka!
grande homem!
admiro muito!!!
e o escritureira de volta é bom demaaais!!!!!
grande abraço à todos amigos do escritureira!
graffunder...
Homenagem merecida ! Duas pessoas ilustres , Bazaka e Gustavo , parabéns pelo trabalho que estão desenvolvendo... abraços
q belo texto. fiquei com vontade de conhecer o Bazaka, um dia quem sabe trocamos ideias..
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