A MUSA

Além do arco íris, no limiar do infinito,
Meus beijos, sua boca espera... Ansiosa.
No clímax desta demora... Gloriosa,
Sua voz ecoa... Como se fosse um grito:

- Vinde a mim num sonho bonito,
Pois no ápice desta busca ardorosa,
Cantarei em verso e prosa,
Que tu serás eternamente meu mito.

No retorno à origem de minha essência,
És um ente sobrenatural,
Anjo protetor de qualquer mal,
Luz radiante de minha existência.

Por séculos e séculos irei te esperar,
Pois é meu divino pecado,
A lembrança de seu corpo suado,
Sob o qual quero repousar.

Meu espírito sem ti é ermo e mudo,
Minhas entranhas clamam sua presença,
Agarro-me firmemente à tua ausência,
Sonhando com seu vulto desnudo.

Sou sua porção mais escondida,
Na sinapse do seu ego estou guardada,
No museu da sua história sou a fada,
Aquela que dá sentido à sua vida.

Sou a musa que inspira sua verdade,
Moro no intelecto mais profundo do seu ser,
Minha presença é o absoluto do seu viver,
Mas, chame-me simplesmente de... Liberdade!
Jamil Idaló Júnior escreve às quartas-feiras na escritureira.