27.1.09

pedaço ou começo de algo


"A porta estava escancarada. Com tudo muito sujo. Pedaços de folhas amarelas e galhos quebrados dos coqueiros que o vento compôs espalhavam-se por ali. A faxineira, preguiçosa que só, ainda não havia chegado para limpar a entrada do prédio. Receberíamos os necessitados com aquela decoração outonal. Ao entrar passei por algumas pessoas vultosas no corredor e fiz questão de não olhar. Não quis saber quem eram. Já não suportava mais ter que desejar bom dia a desconhecidos repetidos e receber de volta acenos que mais tarde, frente a minha resignação no trabalho, transformariam-se em agressão por meio de olhares intencionados a reprimir. O asco que eu tenho por bochichos e colóquios de coffee break cresce sem igual. Acabo por tornar pessoa sem muito recursos de sociabilidade, sempre aos cantos lendo alguma coisa para amenizar aquele gesto solitário de abandono proposital."
Frederico Oliveira

Um comentário:

Luiz Hozumi disse...

boa narrativa.. mas q ventaval foi esse o qual quebrou os galhos dos coqueiros.. e os autistas por opção estão dominando o mundo..