7.3.09

e quando não há nada a escrever?
e quando as palavras – todas que cabem no alfabeto – te traem
ao buscar na ponta dos dedos de outro
se outraso exercício das suas afecções?
e quando as palavras não fogem– mas embaralham as letras entre si –deixando para ti
apenas a possibilidade de calar– boca cerrada
ou a indefectível cara de sujeito boquiaberto?
e quando a palavra boi é escrita e vês nela uma flor?
e se a ternura derramada em cada gesto teu for transformada em monotonia?
e se tua epopéia não passar de uma canção-alpiste?
e se te disserem – e provarem – que tudo que você pensa escrever
já existe?
e se o palhaço for ao circo determinado em fazer todo mundo triste?
Caê Guimarães

Um comentário:

Anônimo disse...

Mt bom!