12.8.08

TELA BRANCA

Encontro-me frente a tela branca, preso na inaptidão dos sentidos. Vazio de tão cheio. Explico. O que me informa não acrescenta, dada a mesquinhez dos meios. Ansiava-se-ia de conhecimento, para somar, dividir com meus pares, transformar as metas em práticas concretas, subtrair os desejos vazios, ser feliz. Não que não seja. Mas escapam dos dedos. Em algum momento, alguém que ousou escrever viu o branco das folhas e das telas. Cheio de informações que não me dizem respeito, ouso dizer sobre a insônia, as dores e tudo o mais que possa tornar a caminhada abrupta. O fato de se mexer na cama a noite toda, sem pregar os olhos me diz algo. Preocupações transcendem o descanso. Eis que uma postura psicossomática elencaria noites tranquilas? Dizem os livros, sempre os livros. Sobre as dores, relaciono circunstâncias especificas: stress, enxaqueca, azias, gastrites. Para evitá-las sobram clichês do "pense positivo", "sua felicidade depende de você", "anseie pelos sonhos constantemente", "seja protagonista no palco da sua vida". Os mesmos clichês que constantemente viram Best-Sellers, assumem a identidade de livros mundo afora, do tipo "o segredo", eis o segredo, pronto e ponto. Literatura errada. Leitura errada. Voltam-se para um ensino individualista, obrigatoriamente de característica capitalista, em que "o melhor" vence. Ensinam fórmulas de felicidade, gestão e posições sexuais. Com os dizeres: você pode, você consegue, você faz. Dito assim, fico confuso. A sociedade deve-se assumir na busca dos objetivos, outrora, cada qual no seu lugar e em seu favor, sozinhos. Continuo perdido frente ao antagonismo dos discursos. Nego. Sei, para me encontrar preciso das pessoas, precisamos das mãos. Para pensar positivo, preciso do meu sorriso, mas não somente dele, mas o sorriso das pessoas que amo. Acho que isso explica um pouco da minha resistência a monólogos, não atuo sozinho e mesmo que atuasse, quem ascenderia e apagaria as luzes?
Frederico César de Oliveira escreve às terças-feiras na escritureira.

6 comentários:

Anônimo disse...

Ler sobre os nossos anceios nas palavras de Fredi é algo que sempre se casa muito bem. Belo retorno companheiro.

Pâmela Mel disse...

Ao ler este maravilhoso e perfeito me emocionei (juro que lagrimas rolaram, não é bem uma supresa rs)Muito lindo, Parabens!!!Ah entendi viu!!!

Ana Cláudia disse...

Fredinho, cada dia que passa voce me surpreende! Belíssimo texto desabafo ;D

Anônimo disse...

O menino ta inspirado hoje!! Parabéns

fred disse...

valeu!...
nós próximos dias vamos lançar uma promoção aqui no blog...
quem estiver comentanto vai concorrer a um livro sorteado pelos escritureiros!

paz e bem a todos!

Luiz Hozumi disse...

uau! mto bom o texto e mto bom o blog, já está nos meus favoritos, gostei da repaginada, agora com o blogger. abração e continue assim, sempre junto.