Não é o objetivo deste blog ficar alimentando polêmica. Mas um comentário ao meu post da semana passada bem merece uma réplica. Ou melhor, merece nada. O autor nem se identificou. Talvez jogar pedra e sair correndo seja o que ela chama de “criar algo produtivo”. Vou retrucar por pura pirraça.
Quem lê o comentário pode dizer: “lei seca e proibição de algemas. O cara relacionou duas coisas que não têm nada a ver!”. Pois eu me levanto para defendê-lo. Não se deixem levar pela pobreza de estilo do sujeito, leitores. Há uma estreita relação entre as duas, não obstante uma ser lei e a outra, resolução. Esta estende ainda mais as regalias aos bandidos – até do desconforto das algemas eles são poupados; aquela sujeita às humilhações de uma noite na delegacia e o risco de perder a carteira o cidadão inofensivo que tomou um vinho com a namorada ou uma cervejinha com os amigos. Tudo manifestações de uma mesma ideologia legitimadora do crime: toda a opressão para o cidadão honesto, todos os cuidados para com os facínoras.
Ao meu amigo incógnito eu digo que tenho, sim, algo melhor pra colocar no lugar. A lei antiga, que já previa punições bastante desencorajadoras para aqueles que – este sim – ofereciam algum risco para a segurança no trânsito, isto é, aqueles que beberam além de determinado limite. Não sejamos ingênuos: a queda estatística no número de acidentes não se deve ao fato de ter sido jogado na mesma vala comum draconiana o pobre do gordinho que não resistiu a um bombom de licor. A diferença fundamental é que a legislação nova está sendo efetivamente aplicada, ao contrário da antecessora. Possivelmente por ameaçar com uma multa alta o bastante para que o policial barganhe o suborno ali mesmo, na boca da blitz. Não tenho muita idéia do que o meu comentador entende pela vaguíssima expressão “falibilidade social”. Mas arrisco o palpite de que se trata de um fenômeno que inclui a inépcia do Estado em remunerar bem os policiais ao mesmo tempo em que lhes joga a isca da propina fácil.
Gustavo Palma escreve às segundas-feiras na escritureira.
Quem lê o comentário pode dizer: “lei seca e proibição de algemas. O cara relacionou duas coisas que não têm nada a ver!”. Pois eu me levanto para defendê-lo. Não se deixem levar pela pobreza de estilo do sujeito, leitores. Há uma estreita relação entre as duas, não obstante uma ser lei e a outra, resolução. Esta estende ainda mais as regalias aos bandidos – até do desconforto das algemas eles são poupados; aquela sujeita às humilhações de uma noite na delegacia e o risco de perder a carteira o cidadão inofensivo que tomou um vinho com a namorada ou uma cervejinha com os amigos. Tudo manifestações de uma mesma ideologia legitimadora do crime: toda a opressão para o cidadão honesto, todos os cuidados para com os facínoras.
Ao meu amigo incógnito eu digo que tenho, sim, algo melhor pra colocar no lugar. A lei antiga, que já previa punições bastante desencorajadoras para aqueles que – este sim – ofereciam algum risco para a segurança no trânsito, isto é, aqueles que beberam além de determinado limite. Não sejamos ingênuos: a queda estatística no número de acidentes não se deve ao fato de ter sido jogado na mesma vala comum draconiana o pobre do gordinho que não resistiu a um bombom de licor. A diferença fundamental é que a legislação nova está sendo efetivamente aplicada, ao contrário da antecessora. Possivelmente por ameaçar com uma multa alta o bastante para que o policial barganhe o suborno ali mesmo, na boca da blitz. Não tenho muita idéia do que o meu comentador entende pela vaguíssima expressão “falibilidade social”. Mas arrisco o palpite de que se trata de um fenômeno que inclui a inépcia do Estado em remunerar bem os policiais ao mesmo tempo em que lhes joga a isca da propina fácil.
Gustavo Palma escreve às segundas-feiras na escritureira.
5 comentários:
" A verdadeira viagem de descoberta consiste não em procurar novos horizontes, mas em ter novos olhos" Proust
q silêncio por aqui...
=D
Gu, não pra puxar saco, mas como profissional da área jurídica, mais uma vez, concordo exatamente com o que vc escreve. E, afinal, nós lemos o blog porque realmente gostamos, não com o fim de esquentar a cuca e alimentar polêmicas! Aqui tudo sempre foi bastante saudável, pois quem escreve e quem lê é gente do bem.
por isso mesmo prefiro nao comentar.
Sou nova aqui no blog. vou demorar um pouco masi vou ler tudinho. rsrsrs.
Na minha humilde opinião achei a lei seca um tanto quanto conveniente para a "operação passa 10" (é como chamamos as blitz aqui de Alagoas, devido ao fato dos policiais quase sempre aceitarem 10,00 pra não multar, nem revistar os automóveis e motoristas).
Porque será que não se cria leis que nos dê mais segurança, mas liberdade as crianças? Enfim...
a vida consiste em que direção quer olhar!muito além do bem e do mal!
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